sexta-feira, 7 de novembro de 2008


"Vou mandar passar meu coração a limpo. Há muitos, muitos anos que ele está todo embaralhado, confuso e incompreensível. Desde jovem nele fui escrevendo todas as emoções, amores, ódios, amizades, inquietações, amarguras e decepções. Está cheio de erratas, emendas, rasuras, retificações, chamadas e riscos. O que foi escrito um dia a tinta vermelha com um amor incomensurável e infinito, anos depois foi rasurado violentamente, resultando daí um borrão horroroso. [...]Por cima de ódios velhos, registrados com letra já quase imperceptível, escrevi mais tarde mensagens de amor e de esperança. Há palavras e frases traçadas em todos os sentidos, daí resultando às vezes equívocos tremendos, verdadeiros trocadilhos de sensações. Eu mesmo custo a decifrar o que quis dizer. E se eu próprio já não entendo direito meu próprio coração, quem poderá entendê-lo?"

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